Justa, a sua querida ama, não duvidava de que era o Escolhido, aquele
que as profecias anunciavam estar destinado a reconquistar Jerusalém,
e a unir os homens sob a mesma Fé. Não nasceu para ser rei, mas a roda
da fortuna tornou-o duque de Beja e herdeiro de D. João II. Viu morrer
o sobrinho e assassinar irmão e cunhado para subir ao trono a 27 de
outubro de 1495.
As naus do Venturoso chegaram à Índia e ao Brasil construindo um
Império, digno do rei mago do Ocidente, como, em segredo, se intitulava.
Ao som da música, tornou Lisboa no centro do comércio das
especiarias, as suas ruas animadas por mercadores, espiões, intrigas
e riquezas nunca antes vistas.
Isabel, viúva de Afonso, filho de D. João II, resistiu ao casamento. Queria
viver a sua tristeza em paz. Mas Manuel era determinado. Desde aquele
dia em que os seus olhares se cruzaram em Moura, sabia que Isabel
havia de ser sua. Por ela faria tudo, inclusive expulsar os hereges de Portugal,
e depois os judeus. Mas mais uma vez a roda da fortuna girava e a
sua felicidade durou pouco. Isabel morria no parto, e o seu único filho
não sobreviveria. Era preciso garantir a descendência. Maria, irmã de
Isabel, esperara, apaixonada, e o seu tempo tinha chegado. Seria rainha
de Portugal e mãe de dez filhos, entre eles seis varões.